Há algum tempo, quando o aplicativo WhatsApp surgiu, foi criado um grupo chamado Pensando Bem, cujo propósito era reunir pessoas para – ainda que num aplicativo e com todos os limites impostos pela impessoalidade – discutir, dialogar, debater acerca de temas radicais. O amor, o medo, a democracia, gênero, racismo, Deus etc.
Desde aquela época, o grupo vem dialogando e procurando, na medida do possível, blindá-lo do mau maior que enfrentamos hoje: a intolerância, a hostilidade. Guardo todos os áudios e textos já produzidos e converti em banners muitas pérolas ali criadas. E nos tornamos todos membros de uma confraria virtual. Alguns de nós nunca conheceu pessoalmente um ou outro. E, não obstante isso, parece que nos conhecemos há anos. Rompemos a fronteira da impessoalidade que é a marca do nosso tempo nas redes sociais.
Ocorre que Mauricio Sena e Eliane Assunção, membros do grupo e figuras atuantes no universo cultural, acadêmico e político da cidade, resolvem trazer esse diálogo do campo virtual para o físico, criando, como disse acima, um Café Filosófico, que leva o nome do grupo, e que foi prontamente acolhido por Otávio Henrique, proprietário da casa.
Num mundo todo cheio de desrazões, é um desafio fundar um Café Filosófico. Quem ser arvora a tal, chama para si um senhor desafio mas, ao mesmo tempo, cumpre um papel de flor de lótus, que nasce no pântano.
A designação Pensando Bem traz consigo, pelo menos, três formas de ouvi-la. De um lado, pensando bem remete à ideia de que posso mudar de ideia, se outra melhor se alevanta. Tipo assim: “Eu pensava assim mas, pensando bem....”; de outro, pode permitir um jogo de palavras que, na fala, pode remeter a: “Pensando o bem”, o bem comum, por assim dizer; e, sem querer se arrogante, pode ainda entendido como espaço onde se “pensa” melhor, já que, no grupo, pessoas gabaritadas num tema acabam sendo mestres, ensinando, ou sendo alunos, aprendendo.
Seja lá qual for o modo de ver, hoje, em plena quarta-feira, aqueles que estiverem em Vitória da Conquista vão testemunhar um momento único na cidade. Lamento não poder estar lá nesta data querida, mas já posso desenhar o cenário: a luz amena no Café, pessoas simpáticas se acomodando nas mesas, sorrindo batendo um papo; a noite sempre aconchegando de Conquista convidando; uma música ambiente, dessas que não impedem de ouvir o outro; um homem ao centro (Sérgio Magalhães) compartilhando seus saberes acerca do pensando de Morin e abrindo espaço para o debate, o bom debate.
Como diria Eliane Assunção, anfitriã d'O Café Filosófico, “o Pensando Bem, por si só, é uma provocação à prática do pensamento, do questionamento guiado pela filosofia.”
Vá lá e, depois, me conte o que achou.
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