O sabor de adquirir um produto musical antes de toda a tecnologia virtual, até o final dos anos 90, era uma arte. O bolachão de vinil era um luxo e restava a fita cassete aos que não dispunham deste recurso. A primeira fita que entrou na minha casa foi obra de Paulo Dagomé, o primogênito. Ele ganhou um gravador, ou comprou, não sei ao certo, e no seu aparelho nos fez, 7 irmãos, aprendermos toda a obra, à época, do Grupo Logos, evangélicos mestres na arte de compor gospel, conceito inexistente naqueles idos, e que acho até um reducionismo ao trabalho desenvolvido pelo Logos. Depois, a segunda fita marcante, foi a trazida por Petrônio, quando morávamos em Santana do Brejo Velho, e tivemos um contato mais palpável com o rock nacional, que perdura até hoje. A fita, isso era 1985, trazia Capital Inicial, Legião Urbana, Titãs, Ultraje a Rigor e dentre tantas, a metade de uma música internacional, e desta banda ignorávamos o nome. Alguns anos depois, aprofundando naturalmente a pesquisa, descobri que se trava de "Time", um clássico do Pink Floyd, que marcou profundamente minha pré adolescência (enquanto escrevo, a ouço). Ali também comecei a pegar gosto pelo violão e brigava com as cordas tentando compor o ré menor para tocar "Índios".